quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Quem tem medo de voar?


"Um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e
fazer com que as coisas não pareçam o que são."
Miguel de Cervantes em Dom Quixote, século XVII.

Você já deve ter conhecido alguém que tem medo de avião. E o que é pior, precisa viajar devido ao seu trabalho. O que para alguns poderia ser momentos de descanso, de estudo ou de possibilidade de conversar com alguém, para outros a viagem torna-se uma tortura, uma luta consigo mesmo permeada de intenso sofrimento. É muito comum jovens e adultos na faixa etária dos 20 aos 40 anos, na plenitude da vida profissional apresentarem uma ansiedade excessiva por determinadas situações como viajar de avião. E podemos nos perguntar: por que sentimos este medo de voar?
O sentimento de medo faz parte da natureza humana, nos dá limites e aciona nossa ansiedade nos colocando em posição de alarme, física e psiquicamente: dilata as pupilas, acelera o coração, enrijece a musculatura, ou seja, nos prepara para reagir. A ansiedade normal é, então, um instrumento de adaptação às exigências da vida. Já era assim nos tempos das cavernas quando o homem enfrentava animais invasores e é assim ainda hoje, quando nos deparamos com determinado perigo ou a ameaça de algo desconhecido.
Para quem tem medo de avião, não adianta explicar que esta é uma opção mais segura do que o transporte rodoviário. O fato de um vôo ser percebido como estressante não depende apenas da natureza do mesmo, mas sim do significado que atribuímos a este evento e da nossa própria personalidade. Ou seja, nossa insegurança e nosso nível de ansiedade alterada está diretamente relacionada com a nossa história de vida: nossas perdas, rejeições, responsabilidades e expectativas, bem como, com a nossa vivência atual de eventos estressores: a morte de um ente querido, o nascimento de um filho, ser dispensado ou promovido no emprego, casar-se ou separar-se.
Então, o medo de voar é um sintoma, algo que vem nos contar o que talvez já tenhamos esquecido ou não estamos conseguindo lidar. É uma representação simbólica da ansiedade que habita em nossa alma. O medo de voar pode simbolizar o medo de perdermos o controle, a insegurança de estarmos longe de casa ou a dificuldade de lidar com novos desafios propostos em nossa empresa. Estarmos nas alturas pode nos fazer deparar com a amplitude da tarefa que temos à frente, seja no âmbito profissional ou pessoal.
Então, a questão não é por que sentimos medo? A questão é: o que este medo que sentimos pode estar querendo nos dizer? Como podemos lidar com ele? Sentir medo é extremamente humano. A maneira como lidamos com este sentimento é que nos diferencia. Podemos reprimi-lo, ignorá-lo ou aceitar que ele faça parte da nossa vida e possa nos dar a oportunidade de nos conhecer melhor.
Se tivermos a coragem suficiente para agüentar o medo e discuti-lo numa terapia, poderemos com ele, descobrir um caminho de auto-conhecimento rumo à cura. Suportar o medo e não fugir à luta é uma atitude heróica que nos faz crescer como seres humanos, nos faz ser honestos com os nossos conflitos e nos torna responsáveis por nossas escolhas. Sabemos que não é nada fácil, mas diante do medo de voar, fica então, uma velha questão: vamos lutar ou fugir?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O QUE É TERAPIA?


Conhecer-se e cuidar de si mesmo é viver melhor e mais intensamente.

Cada um pode encontrar sua maneira de conhecer a própria alma. Não existe uma receita pronta. No entanto, é necessário muito empenho e dedicação. É como viajar para um lugar desconhecido: se passamos rapidamente, não teremos uma boa impressão do local. Mas se caminhamos com calma e paciência, apreciamos a beleza e os detalhes.

Nesta viagem, à este mundo interno, não poderá faltar na bagagem três itens importantes:

1. A coragem de conhecer a si mesmo;

2. A força para continuar a caminhar;

3. A confiança de que na vida, tudo muda.

Tal qual um guia turístico, a companhia de um psicólogo favorece o conhecimento e o aprofundamento. É papel do psicólogo, ouvir, observar e conversar sobre o que percebeu do seu paciente. No entanto, nesta conversa, não cabe julgamentos ou críticas. É uma conversa verdadeira, honesta e humana... extremamente, humana.

Em terapia se reúne dois seres humanos, onde o psicólogo interage e também aprende muito com o paciente. O que os une é o vínculo de confiança que é estabelecido sessão após sessão. Sem este vínculo, a terapia não acontece.

Portanto, é necessário que o paciente sinta-se a vontade, confie em seu terapeuta. Desta forma, a viagem se inicia. Passamos a nos olhar, a nos questionar e a entender que tudo o que vivenciamos na vida é um reflexo de nós mesmos.

Somos nós a referência: o que é crise para um, pode significar oportunidade para o outro. Os significados que atribuímos ao que vivemos, é o que nos diferencia. Podemos suportar qualquer coisa, desde que vejamos um significado para isso. Quando não encontramos um porquê... adoecemos física ou psiquicamente. Por isso, é tão importante embarcarmos nesta “viagem” chamada terapia.