Você já deve ter visto casais que se sentam para jantar e não trocam uma palavra, um olhar, comportam-se como dois estranhos, embora estejam juntos há anos. Como também já deve ter reparado em casais, há tempo juntos que se comunicam até mesmo pelo olhar. Há entre estes dois exemplos um sentimento que os diferenciam: o sentimento de cumplicidade.
A cumplicidade não vem junto com os presentes de casamento. Ela tem que ser conquistada pelo casal. É um duro trabalho de aprendizagem mútua. Pois, quando nos relacionamos com alguém, inicialmente, podemos estar tão apaixonados que nos tornamos, profundamente, egoístas. Ou seja, queremos o outro só para nós. A paixão é cega, não enxerga o outro como ele é, e sim, como podemos vê-lo através dos nossos olhos. A partir daí, seguem as cenas de ciúme doentio, as brigas, os desentendimentos e, tudo em nome da paixão!
Muitos preferem mudar de parceiro a toda hora, porque dá muito trabalho se envolver, realmente, num relacionamento. Ser capaz de um amor real significa, em primeiro lugar, amadurecer. É poder criar expectativas realistas em relação à outra pessoa e aceitar a sua responsabilidade em ser feliz ou não neste relacionamento. Abrir mão de certas coisas e lutar por outras, sem esperar que a outra pessoa seja responsável pelo que queremos ou deixamos de querer e sem criticá-la por nossas frustrações.
Quando começamos a ver o outro como verdadeiramente ele é e, ainda assim, quisermos ficar ao lado dele: estamos começando a amadurecer nosso sentimento. Avançamos ainda mais, quando passamos a conhecer melhor esta pessoa com quem nos relacionamos e percebemos suas falhas, suas angústias, sua história e nos damos conta de que somos para o outro, aquilo que ele é para nós: um ser humano.
Desta difícil compreensão do quanto somos humanos nasce a humildade e a preocupação de um com o outro. O exercício de se preocupar realmente um com o outro gera a cumplicidade. Cumplicidade é fruto de um amor real, maduro e humano!