terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Vá aonde o seu coração mandar!

Toda vez que tiver vontade de transformar coisas erradas em coisas certas, lembre-se que a primeira revolução a ser feita é aquela dentro de nós mesmos. A primeira e a mais importante!

Lutar por uma idéia sem ter uma idéia de si mesma é uma das coisas mais perigosas que alguém pode fazer.

Toda vez que se sentir confusa, perdida, pense nas árvores, lembre-se de como crescem. Uma árvore com muitos galhos e poucas raízes acaba sendo desarraigada pela primeira ventania, ao passo que, numa árvore de muitas raízes e pequena copa, a seiva mal consegue escorrer. Raízes e ramagem devem crescer em mesma medida!

Você precisa estar dentro e acima das coisas, pois só assim será capaz de oferecer sombra e abrigo, só assim poderá cobrir-se, na estação certa, de flores e frutos.

E então, quando se abrirem vários caminhos e você não souber qual escolher, não tome qualquer um, tenha paciência e espere. Respire com a confiante profundidade com que respirou no dia em que veio ao mundo! Não deixe que coisa alguma a distraia, espere e continue esperando.

Fique parada, em silêncio, e ouça o seu coração!

Quando enfim ele falar, levante-se e vá aonde ele a quiser levar!

(Tamaro, S. Vá aonde seu coração mandar. RJ. Rocco,1996)



Feliz Ano Novo!!

Com carinho

Wania Prado

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Amizade


Esta é uma fábula que precisamos ler e reler de vez em quando. Nos traz uma sabedoria profunda e nos dá força para investir em nossos relacionamentos. Afinal, se relacionar e se desenvolver através do outro é o nosso maior desafio. Mesmo com toda invenção tecnológica, sempre haverá um ser humano por trás destas invenções. E assim, permanece o grande desafio de todos os tempos: se relacionar com o outro!


A Fábula do Porco-Espinho


Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio. Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente; mas, os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam maior calor. Por isso decidiram afastar-se uns dos outros e voltaram a morrer congelados. Então precisavam fazer uma escolha: ou desapareceriam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros. Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos. Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro... E assim sobreviveram!

Moral da História:

O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos do outro, sem deixar de admirar suas qualidades.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

CARTAS PARA JULIETA



No filme, “Cartas para Julieta”, uma jovem americana e seu noivo viajam para Verona - na Itália, onde encontra as Secretárias de Julieta, senhoras que respondem as cartas de mulheres apaixonadas. Abre-se, então, um mundo extremamente romântico, onde o amor sempre volta, mesmo que tenha se passado mais de 50 anos.

Além de romantizar um dos maiores anseios humano: a busca do amor, o filme também retrata uma especial necessidade das mulheres: a de se espelharem e se alimentarem da confiança, uma nas outras e em si mesmas, suprimindo, assim, um secreto isolamento imposto pela modernidade e competitividade do sistema patriarcal.

A autora Barbara B.Koltuv de “A tecelã” afirma que, assim como os homens, as mulheres modernas competem entre si e, secretamente, sofrem separadas umas das outras. Ás vezes, tentam encontrar o amor e a auto-aceitação nos braços de um marido. O relacionamento conjugal pode sim ser repleto de amor, mas, precisamos de uma conexão profunda com o feminino que há dentro de nós.

As mulheres precisam confiar uma nas outras e em si mesmas o bastante para mostrar suas necessidades e suas vulnerabilidades a outras mulheres. Precisamos ser espelhadas e alimentadas umas pelas outras, como na cena do filme “Cartas para Julieta” em que a senhora penteia os cabelos da jovem americana e enfatiza que tal gesto traz um dos maiores prazeres humano.

As mulheres podem servir de mães, espelhos e irmãs uma para as outras, porque isso as fortalece. “Não existe uma definição completa de mulher. Uma mulher é uma experiência e uma energia feminina que tece, que é tecida, que é desfeita e que se movimenta” sintetiza Koltuv. Podemos acrescentar, ainda, que se movimenta sempre em busca do amor pelo outro e por si mesma, como bem registrou o filme romântico em questão.



• Cartas para Julieta (EUA,2010)

• A Tecelã (Barbara B. Koltuv, Cultrix, 1990)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O que é terapia?


A terapia é um processo de auto-conhecimento: é cuidar de si mesmo para viver melhor e mais intensamente. É papel do psicólogo: ouvir e conversar com seu paciente, sem julgamentos ou críticas, de maneira verdadeira e honesta, estabelecendo confiança sessão após sessão. A terapia se torna um espaço de orientação e atenção à si mesmo em todas as etapas da vida, favorecendo o crescimento pessoal, o bem-estar e a harmonia nos relacionamentos.



Quem pode fazer terapia?



Qualquer pessoa pode se beneficiar muito de um processo terapêutico: crianças, adolescentes, adultos e idosos. É muito saudável querer lidar melhor com suas emoções, seus relacionamentos, seus medos, suas dúvidas... A terapia abre espaço para todas as questões humanas: para quem quer se conhecer melhor, para quem sofre de depressão, ansiedade, fobias, para problemas nos relacionamentos...



Qual é a melhor terapia?



A melhor terapia é aquela em que você se sente bem. O melhor psicólogo é aquele em que você confia e se sente à vontade para falar da sua vida. Quando existe empatia entre o paciente e o bom profissional, o processo se desenvolve naturalmente.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Porque aceitamos viajar e enfrentar o desconhecido?

 "As vezes, estamos tão
ocupados tentando vir a ser o melhor...
 que não podemos desfrutar do simplesmente ser!”
(Robert Fisher)

Nascemos em uma determinada família, em uma determinada cultura e num determinado lugar. Somos o resultado de tudo isso somado a vivência de cada individuo em seu tempo, ou seja, a maneira subjetiva como cada um de nós enxerga o que acontece a nossa volta.
            Quando viajamos, nos aventuramos para além da nossa casa, da nossa família, da nossa cultura. Nos tornamos muito vulneráveis, não só porque estamos em lugares desconhecidos e nos sentimos desprotegidos. Mas principalmente, porque estamos diante de crenças muito diferentes das nossas, que questionam nossas referências e abalam nosso equilíbrio psíquico.
Porque aceitamos viajar, sair do nosso espaço, enfrentar o desconhecido? Sempre temos que fazer uma escolha, até mesmo quando aceitamos não escolher. A viagem exprime um desejo profundo de mudança interior, uma necessidade de experiencias novas, mais do que de um deslocamento físico.
 Aceitar viajar é aceitar dar uma pausa na rotina, enxergar a vida por outro ângulo, vivenciar experiências diferentes e se permitir encarar o desconhecido: não só o que habita em outro país, mas principalmente, o que desconhecíamos em nós mesmos. Toda viagem provoca uma viagem ao interior de si mesmo.
O encontro com o outro, o estrangeiro que desconhecemos, requer uma mente aberta, o que significa não ficarmos só nos julgamentos. Temos que abrir espaço para o diálogo. A escuta do outro promove uma transformação em nós e propicia a interação, um caminho para ambos desfrutarem: porque só nos conhecemos através do outro.
Mas a idéia de estarmos num país estranho, em que se fala uma outra língua, com clima e costumes tão diferentes dos nossos, e não estarmos com tudo o que necessitamos, pode nos angustiar. O que levar em nossas malas? Queremos tornar nossa viagem a mais confortável e segura possível, é por isso, que sempre carregamos objetos que simbolizam afetivamente o amor ao local de onde partimos.
São objetos que nos relacionam à nossa casa e ao nosso chão – nenhum outro lugar no mundo nos traz mais segurança e conforto do que a nossa casa e o nosso chão. Por isso, nossas malas sempre irão estar recheadas de coisas que não precisamos, mas que nos dão segurança para lidar com tudo aquilo que iremos viver. É como se quiséssemos enfrentar o desconhecido de uma maneira já conhecida.
Mas assim como os objetos se deslocam na mala durante a viagem, mudar faz parte da vida. Como dizia o filósofo grego Heráclito: “Tudo flui. Não se pode entrar no mesmo rio duas vezes. Porque, ao entrarmos pela segunda vez, não serão as mesmas águas e nem seremos a mesma pessoa.”
Nossa bagagem é o nosso pequeno patrimônio em terras estranhas. Aos poucos vamos percebendo que a segurança maior não está nas coisas, mas em nós mesmos e na interação com o outro. Em toda viagem, assim como na vida, há uma relação de troca.
O anfitrião, seja ele o país, um parente, um amigo, enfim, quem nos recebe nos oferece abrigo, alimento etc. O viajante sempre leva o entusiasmo, a esperança, a curiosidade e a gratidão. Quem não acredita nesta relação de troca, não conseguirá desfrutar de uma viagem intensamente.
Em toda viagem, assim como na vida, quando incluímos o outro em nossos planos, estamos sendo responsáveis com a vida e, assim, estamos sendo capazes de aceitar que tudo tem o seu tempo:  independente das nossas expectativas.

Wania Prado
*Este artigo foi baseado nos livros:
1.    Tirando os sapatos, Nilton Bonder, Ed.Rocco, Rio de Janeiro, 2008
2.    O cavaleiro preso na armadura, Robert Fisher, Ed.Record, Rio de Janeiro, 2006

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Quem tem medo de voar?


"Um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e
fazer com que as coisas não pareçam o que são."
Miguel de Cervantes em Dom Quixote, século XVII.

Você já deve ter conhecido alguém que tem medo de avião. E o que é pior, precisa viajar devido ao seu trabalho. O que para alguns poderia ser momentos de descanso, de estudo ou de possibilidade de conversar com alguém, para outros a viagem torna-se uma tortura, uma luta consigo mesmo permeada de intenso sofrimento. É muito comum jovens e adultos na faixa etária dos 20 aos 40 anos, na plenitude da vida profissional apresentarem uma ansiedade excessiva por determinadas situações como viajar de avião. E podemos nos perguntar: por que sentimos este medo de voar?
O sentimento de medo faz parte da natureza humana, nos dá limites e aciona nossa ansiedade nos colocando em posição de alarme, física e psiquicamente: dilata as pupilas, acelera o coração, enrijece a musculatura, ou seja, nos prepara para reagir. A ansiedade normal é, então, um instrumento de adaptação às exigências da vida. Já era assim nos tempos das cavernas quando o homem enfrentava animais invasores e é assim ainda hoje, quando nos deparamos com determinado perigo ou a ameaça de algo desconhecido.
Para quem tem medo de avião, não adianta explicar que esta é uma opção mais segura do que o transporte rodoviário. O fato de um vôo ser percebido como estressante não depende apenas da natureza do mesmo, mas sim do significado que atribuímos a este evento e da nossa própria personalidade. Ou seja, nossa insegurança e nosso nível de ansiedade alterada está diretamente relacionada com a nossa história de vida: nossas perdas, rejeições, responsabilidades e expectativas, bem como, com a nossa vivência atual de eventos estressores: a morte de um ente querido, o nascimento de um filho, ser dispensado ou promovido no emprego, casar-se ou separar-se.
Então, o medo de voar é um sintoma, algo que vem nos contar o que talvez já tenhamos esquecido ou não estamos conseguindo lidar. É uma representação simbólica da ansiedade que habita em nossa alma. O medo de voar pode simbolizar o medo de perdermos o controle, a insegurança de estarmos longe de casa ou a dificuldade de lidar com novos desafios propostos em nossa empresa. Estarmos nas alturas pode nos fazer deparar com a amplitude da tarefa que temos à frente, seja no âmbito profissional ou pessoal.
Então, a questão não é por que sentimos medo? A questão é: o que este medo que sentimos pode estar querendo nos dizer? Como podemos lidar com ele? Sentir medo é extremamente humano. A maneira como lidamos com este sentimento é que nos diferencia. Podemos reprimi-lo, ignorá-lo ou aceitar que ele faça parte da nossa vida e possa nos dar a oportunidade de nos conhecer melhor.
Se tivermos a coragem suficiente para agüentar o medo e discuti-lo numa terapia, poderemos com ele, descobrir um caminho de auto-conhecimento rumo à cura. Suportar o medo e não fugir à luta é uma atitude heróica que nos faz crescer como seres humanos, nos faz ser honestos com os nossos conflitos e nos torna responsáveis por nossas escolhas. Sabemos que não é nada fácil, mas diante do medo de voar, fica então, uma velha questão: vamos lutar ou fugir?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O QUE É TERAPIA?


Conhecer-se e cuidar de si mesmo é viver melhor e mais intensamente.

Cada um pode encontrar sua maneira de conhecer a própria alma. Não existe uma receita pronta. No entanto, é necessário muito empenho e dedicação. É como viajar para um lugar desconhecido: se passamos rapidamente, não teremos uma boa impressão do local. Mas se caminhamos com calma e paciência, apreciamos a beleza e os detalhes.

Nesta viagem, à este mundo interno, não poderá faltar na bagagem três itens importantes:

1. A coragem de conhecer a si mesmo;

2. A força para continuar a caminhar;

3. A confiança de que na vida, tudo muda.

Tal qual um guia turístico, a companhia de um psicólogo favorece o conhecimento e o aprofundamento. É papel do psicólogo, ouvir, observar e conversar sobre o que percebeu do seu paciente. No entanto, nesta conversa, não cabe julgamentos ou críticas. É uma conversa verdadeira, honesta e humana... extremamente, humana.

Em terapia se reúne dois seres humanos, onde o psicólogo interage e também aprende muito com o paciente. O que os une é o vínculo de confiança que é estabelecido sessão após sessão. Sem este vínculo, a terapia não acontece.

Portanto, é necessário que o paciente sinta-se a vontade, confie em seu terapeuta. Desta forma, a viagem se inicia. Passamos a nos olhar, a nos questionar e a entender que tudo o que vivenciamos na vida é um reflexo de nós mesmos.

Somos nós a referência: o que é crise para um, pode significar oportunidade para o outro. Os significados que atribuímos ao que vivemos, é o que nos diferencia. Podemos suportar qualquer coisa, desde que vejamos um significado para isso. Quando não encontramos um porquê... adoecemos física ou psiquicamente. Por isso, é tão importante embarcarmos nesta “viagem” chamada terapia.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O começo de um ano novo

"As vezes, estamos tão ocupados tentando vir a ser o melhor... que não podemos desfrutar do simplesmente ser!”

Em todos os começos de novos anos, fazemos muitos planos que nem sempre podem ser cumpridos no decorrer daqueles 365 dias vindouros. Mas é benéfico começarmos o ano com esperança. Como dizia o poeta Fernando Pessoa: “navegar é preciso, viver não é preciso”, ou seja, há precisão na arte de navegar, mas na vida não temos como controlar tudo, por mais que queiramos.
A vida é para ser vivida como ela é, e isso seria bem simples se não fosse os nossos desejos constantes. Somos seres desejantes e temos que aprender a conviver com esta singularidade. Desejar não é o problema, mas o que fazemos com estes desejos, sim. Pois, além de desejar temos que ser capazes de aceitar o que não for possível. A aceitação é uma das habilidades mais difíceis para se por em prática, pois ela é sempre ultrapassada pela facilidade que temos em criar expectativas.
Um grande escritor de shows para Broadway e roteiros para o cinema, Robert Fisher, nos dá uma grande lição:
(...) A ambição originada na mente pode lhe render lindos castelos... Entretanto, somente a ambição que vem do coração pode trazer também a felicidade. A ambição do coração é pura. Ela não compete com ninguém, ela o serve de tal maneira que serve os outros ao mesmo tempo.(...) É nesse ponto que podemos aprender com a macieira. Ela se tornou graciosa, cheia de bons frutos que dá a todos. Quanto mais maçãs as pessoas retiram dela, mais ela cresce e mais formosa se torna. Esta árvore está fazendo exatamente o que macieiras devem fazer: realizando seu potencial para benefício de todos." (trechos do livro: O cavaleiro preso na armadura, Robert Fisher, Ed.Record, Rio de Janeiro, 2006)
Temos um ano inteiro para realizarmos nosso potencial em benefício de todos, ao invés de só lutarmos por aquilo que queremos. Quando incluímos o outro em nossos planos, estamos sendo responsáveis com a vida e também, sendo capazes de aceitar que tudo tem o seu tempo... independente das nossas expectivas.